2017/04/04

Dia 2365

 
Subi no alto da montanha para ficar mais perto do céu. Ver se ali no mais alto que eu conseguisse subir, Deus me ouviria. Ás vezes parece que Ele não me ouve. Ás vezes algumas coisas parecem testes mas eu não quero ser testado. Eu só quero um pouco de paz, sentir alivio no peito e sorrir mais. Porque essas coisas, essas três simples coisas são tão difíceis de se conseguir?
Lá de cima eu gritei, berrei o mais forte que consegui mas nenhum som veio de retorno. Então ajoelhei ali mesmo e pedi baixinho que tivesse clemência, que acabasse com meu desespero, que preenchesse o som do meu silêncio. Apenas ganhei mais silêncio. Deus não se materializa em uma voz no eco do ambiente e propaga a fórmula certa de viver. Ele não vai virar para você e dizer "Olha, é assim que é a vida..." Você como pessoa vive a vida na esperança que isso uma hora aconteça. Toma decisões erradas e certas na esperança que esteja agindo certo. Trilha caminhos esperando que seja o da felicidade. E assim se passam os dias, as semanas, os meses, anos e enfim, viveu a vida.
Anos atrás quando minha ficha caiu e eu entendi parando de questionar a minha existência aqui, comecei a pensar em um propósito que seria válido para que eu seguisse a minha vida. Um porque que fizesse sentido. Uma resposta minha para mim mesmo (se é que isso faz algum sentido). Passei os anos seguintes buscando um sentido para que eu pudesse viver e encontrar minha paz. Encontrei algumas vezes sim, na simplicidade das pequenas coisas que as pessoas quase não percebem. Foi um grande impacto para a minha vida, uma bagagem na minha mochila. Foi ai que minha estrada começou a ficar cada vez maior.
Encontrei pessoas nesse meio caminho, adquiri muitas lições que nunca na minha vida vou esquecer. Principalmente de manter-se firme e não fraquejar e não cair. De ser forte. Esse tipo de lição aprendemos quando as pessoas que amamos nos abandonam. Seja pela morte ou, porque a estrada nos leva para outra direção. Dói e parece o fim do mundo mas nunca é o fim do mundo. O final de qualquer coisa eu encaro como uma nova oportunidade para algo maior. Vou ter sempre gratidão por cada pessoa que passou pela minha vida. Seja uma conversa tola porque sentei do lado de alguém dentro do ônibus e puxamos conversa ou por aquelas pessoas que se apaixonaram por mim algum dia. Quase certeza que me apaixonei de volta por essas pessoas também.
Mas somos livres, repito: Somos livres. Não podemos prender ninguém a ficar e não podemos nos prender a ninguém também. O que podemos fazer é dar motivos para que quem amamos fique. Apenas fique. O problema é quando não nos dão motivos para ficar. Bom, acho que é nessa hora que as estradas mudam de direção. Estar na mesma estrada que outra pessoa é uma questão de escolha, de decisão. Trilhando caminhos na esperança que seja o da felicidade. O problema é que isso da muito trabalho, requer muito esforço e precisa de muito amor e ternura do coração para aguentar, aprender, estar e viver ao lado de alguém. Definir prioridades, tempo, companhia. Não somos números contabilizados, não somos um sistema mas é preciso administrar tudo e se organizar para não falhar e quando falhar, pedir uma segunda chance para corrigir a falha se valer a pena. Ninguém precisa ser perfeito - penso eu. A perfeição é uma montanha impossível de escalar que deve ser escalada um pouco a cada dia. O que vale é o que você faz hoje, a benfeitoria na alma de outro e a calma que você carrega consigo. Acho que penso assim porque eu sou de um tempo que quando algo se quebrava nós concertávamos, não o jogávamos fora.
Visto de longe o mundo parece onda brava e eu brisa leve. Me pergunto "Onde me encaixo?". São 25 anos tentando achar o meu lugar. Fazendo os impossíveis dos outros se tornarem possíveis. Ajudando os outros a realizar sonhos. Trilhando ao lado das pessoas até elas decidirem que o caminho que a estrada leva não precisava mais de companhia. Então quando chegar o dia do último sopro, do meu ponto final... Façam uma festa, deem risada até a barriga doer, contem histórias, toquem música. Toquem uma música bem alto, pois vou estar no topo daquela montanha novamente e preciso ouvir vocês celebrando de lá.
 
 "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam." - Salmo 23

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