Eu sou fotógrafo, escritor, desenhista, artista, comediante nas horas vagas e nas que não são vagas também, não tão engraçado mas ainda tento. Ela é artesã, aprendiz de fotografa, cantora, decoradora de ambientes - a nossa sala ficou o máximo, obrigado - cozinheira e faz um chocolate quente como ninguém. Há um encontro incrível nas coisas pequenas. Há uma coisa interessante que acontece naqueles segundos estendidos que existem antes de pegarmos completamente no sono. É quando os dedinhos pequenos dela seguram minha mão e as nossas mãos conversam a noite toda.
Eu sou o extremo de uma ponta e ela o extremo da outra ponta. É tão bonito quando nossos extremos se encontram. O engraçado é que quando ouvi ela rir a primeira vez quis ouvir esse som antes de dormir toda noite. As nossas conversas na madrugada serão somente lembranças. E querendo ou não, os dois sentirão falta. Foi um começo interessante a nossa insônia. Mas então, em um dia desses que você acorda amando mais, vão acabar se reencontrando por acaso no meio cama, ou numa fila gigantesca no final do dia em algum mercado pra comprar coisas pro final de semana, e não ficará triste ou sentirá o estômago embrulhar. É real. Porque a vida é uma coisa maravilhosa, sempre existirá algo que faça perceber que nenhuma lembrança boa vem acompanhada de uma saudade ruim. A lembrança boa não é saudade, é parte da história. E que depois dele, ou dela, existirá outras pessoas capazes de te fazer sorrir. Mas nunca capaz de te enlouquecer pra querer voltar pra casa no fim do dia.
Ela gosta de Djavan, eu gosto de Ultraje a Rigor. Ela gosta de estar com os pés no chão e eu gosto de alcançar as estrelas. Eu era o fim do mundo e ela? Ela era o dia seguinte.
Não sei quanto tempo isso irá durar, mas vou agradecer todos os dias que permanecer. Então obrigado por não tirar nenhum pedaço do meu coração. Obrigado por deixa-lo exatamente como esta e por ir morar dentro dele. Você arrumou a bagunça direitinho e o melhor, não foi embora. Obrigado por ser minha mais recente lembrança.
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