Seria mais um dia normal, como todos os outros. Acordar, lavar o rosto, tomar café e sair para trabalhar. Encarar o ônibus e o mêtro, a vida lá fora e tudo mais que vier. Seria mais um dia normal, mas não é. E já não é faz algum tempo. Graças a Deus, enfim.
A casa é pequena e cheira a café e a rosas também. Quando aconteceu, não foi exatamente como estávamos conversando semanas antes. Simplesmente tive que sair de casa e não sabia exatamente onde ia enfiar meus livros e filmes do Tarantino. Acho que foi nessa hora que ela disse "Vem pra cá" e eu fui mesmo. Quando paramos por um instante, vi todas as minhas coisas na sala de estar dela. Nos olhamos com aquela cara de 'E agora?'. Pois é, e agora? Eu não sabia o que fazer e ela me arranjou umas gavetas. Ás vezes ainda perco meu óculos ou meu par de meias, mas com o tempo vou me achando. Mas sinto como se estivesse invadindo. Sei lá, é o espaço dela.
O tempo vai passando e nós vamos vendo como as coisas funcionam. Até aprender e depois decorar algumas outras coisas, demora. Vamos falar do começo então. Porque o começo é o mais complicado de tudo? Não é nada fácil quando chega outra pessoa na sua vida, ela vem carregada de manias e bagagens desnecessárias. Vem acompanhada de passado e histórias. Experiências e acima de tudo ela vem com uma ansiedade de "E ai, será que com você vai dar certo?". Finalmente, isso seria o felizes para sempre? Meu Deus, isso existe mesmo!
Eu sou a pior pessoa do mundo nessa questão. Já saio atropelando o meu mundo, o mundo da pessoa também. Eu derrubo tudo que colocam na minha mão, acha mesmo que eu não seria estabanado nisso também? Então tive que aprender a ter paciência. É uma virtude que eu não esperava adquirir.
Não vou mentir, ás vezes é difícil acordar. Ás vezes eu quero estar de mal humor e ficar com raiva do mundo, mas ai eu lembro que ela vai passar pela porta em alguns minutos. Vou dar bom dia, não posso esquecer do bom dia. Não posso estragar o dia dela sabe? Simplesmente não posso. Alguns dias ela acorda bem, outros nem tanto. Um dia é o sono, outro é a dor de cabeça e outros é só mau humor mesmo. Nessas, ela acaba sendo várias personalidades em dias diferentes. Por um lado é bom, nada é previsível. Por outro, tenho que ter cuidado. Não sei se a abraço, se tento fazê-la rir ou se fico em silêncio apenas. Mas eu sei que é ela ali quando me olha bonitinho. Só ela me olha assim. Cada dia esta sendo um aprendizado. Ela mesmo é um desafio. E eu to tentando sabe? To tentando de verdade não estragar tudo.
Ainda não sei se devo lavar a roupa ou enxugar os pratos e quais as contas tem pra pagar esse mês. Pendurei a toalha no banheiro mas esqueci a meia em cima da cama. Mas fora isso, acho que preciso aprender como dobrar as camisas. Acordo todos os dias religiosamente ás 4 da manhã e faço o café. Tem dias que paro por 5 minutos e peço baixinho pra que nada de ruim aconteça e que o dia termine bem. Tudo que importa é o fim do dia.
A casa é pequena, cheira a café e rosas. E finalmente aqui vejo meu sonho se realizando. Eu sempre quis isso, sempre quis essa rotina e essa convivência e lutar todos os dias para que o dia da outra pessoa terminasse bem. Hoje fazemos planos e estamos correndo atrás, mas o que será que o futuro reservou para nós?
Descobri aos 24 anos que a convivência entre o seu mundo e o meu é muito mais importante do que a fusão em um só universo. Assim eu posso te visitar, você pode me ensinar e a gente sempre fica com saudades, porque o outro é algo que não encontramos dentro de nós.
Então é isso, estamos morando juntos! Loucura isso não é?
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