2016/08/21

Dia 2306

Vivo em uma condição insana de ser o que eu sou e não mais o que esperam de mim. Esses dias me encontraram na rua, uma amiga do tempo de faculdade. Disse que eu estava diferente, disse "Meu Deus, como você mudou. Como você esta?". E depois daquele papo clichê sobre duas pessoas que não se viam a muito tempo nos despedimos e fomos cada um para o seu próprio caminho. De inicio quando me falaram que mudei achei que era o corte de cabelo que agora esta sempre novo ou a barba que faz meses que mantenho aparada. Mas não era só isso, era a alma mesmo. Sabe quando você encontra alguém e parece uma nova pessoa? Você não identifica se são as roupas ou a o relógio de pulso, mas sabe que há algo de diferente. Isso ai é uma alma limpinha. E é isso que eu tenho agora.
Chorar. Sei disso porque já fui assim. Mas no meu caso era um choro sem lágrimas, para dentro. Como se eu me inundasse toda vez. Perdi as contas de quantos dias me afoguei sozinho. Inundei linhas. E ai minha vida ficou bonita. A escrita por si só não é bonita. Porque por meio dela que denunciamos o caos da realidade. É escrevendo que dizemos a verdade sobre a vida, que damos lição de moral e conduta, conselhos para quem sabe o que fazer mas não acredita ou aceita. A escrita por si só, não é bonita não. Ela parece ser bonita porque nos identificamos com o estrago e acolhemos. E foram exatamente nessas linhas que tudo passou a mudar. Ou melhor dizendo, foi quando decidi viver essas linhas. 
Duas noites sem dormir. Minha cabeça vai explodir, tantas vezes me vi partir de cidade em cidade. Nunca voltei em nenhum lugar. Foram tantos hotéis, motéis e até no alto da pedra. Tomava banho em um lugar, almoçava em outro. Já estava dormindo em um terceiro. Olhava pra minha cara no espelho e a barba crescida. Os olhos fundos e o sorriso querendo nascer, mas não nascia. Tudo isso porque nunca encontrei realmente o meu lugar no mundo. E quando é que a gente encontra, não é mesmo?
O tempo só traz o conformismo. Essa falsa ideia de que as coisas vão melhorar alguma hora. As coisas não melhoram cara, não melhoram porque as pessoas ficam esperando cair do céu. Ou então que outra pessoa tome a iniciativa para aproveitar uma oportunidade de terceiros. Eu já prefiro ser o cara que erra primeiro. Aquele que alguém viu fazendo e seguiu de exemplo e acertou depois do meu erro. Porque afinal, alguém tem que fazer, alguém tem que falar sem pudor, alguém tem que ser o filha da puta que toma a frente e resolve o problema. Com o tempo foi isso que acabei me tornando, um resolvedor de problemas dos outros. Se alguém teve que apertar o gatilho, aguentar as consequências, quebrar sonhos... Podem falar que fui eu. A responsabilidade é minha, já faz tempo que aguento ser olhado com outros olhos. Mas não faço o tipo que abaixa a cabeça ou que desiste dos caminhos. Ou dos meus sonhos, principalmente. Só o que importa é a minha paz. Digam o que quiserem. Me sinto o escritor romântico morto no coração das apaixonadas e mesmo assim, continuo vivo. Mas se mentir pra mim, se me enganar, se por algum motivo atravessar a linha imaginária da minha segurança... Mato você. Consequentemente, as linhas desaparecem. Eu moro na minha mente e aqui amigo, é o melhor lugar do mundo.



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