2016/08/17

Dia 2303


Se me perguntassem do que tenho medo, diria que tenho medo que as cenas especiais se tornem cenas normais. Minha mulher penteando os cabelos pela manhã, a árvore que passo todos os dias ao ir trabalhar, as crianças sorrindo na porta da creche infantil dois quarteirões da estação. Esse tipo de coisa eu vejo todos os dias praticamente e são especiais pra mim. São momentos dos quais eu sentiria falta se não os tivesse, principalmente da minha mulher. Ela é linda, tem cabelos longos mas vive falando que vai corta-los. Tem olhos pequenos, seios fartos. Quando seca os cabelos pela manhã as pontas que se desprendem da escova caem sobre o busto em cima do sutiã. Ela fica séria, concentrada mas quando eu digo algo, responde sorrindo. Eu sei, eu sei que nem todos os dias vão ser assim. Um dia ela vai acordar de mal humor, não vai querer arrumar o cabelo e nem vai sorrir pra mim. Não vai ser culpa dela nem minha. Bom, eu espero que não seja minha culpa nesse dia. Mas eu aceitei esses dias também quando me casei com ela. Aceitei os dias com sorriso e os sem sorriso também. 
Os dias que ela sorri pra mim, esses são os melhores. É como se o meu dia começasse dai. E ai ela fica linda, de cabelo escovado e sorriso no rosto. As demais coisas podem mudar. A árvore pode secar e morrer, a creche pode virar uma fábrica quem sabe? Mas ela vai continuar sendo a minha mulher e mais uma vez a vejo como a mulher mais linda do mundo. E é mais um dia. Graças a Deus.

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