2016/06/11

Dia 2276


Uma vez eu tomei uma porrada grande. Era tipo um soco, mas não era um soco. Doeu. Doeu muito. Achei que a dor não ia passar. Raiva deu, revolta deu, indignação deu. Aquela vontade de revidar também. Essa porrada saiu da boca de alguém, formulada em frases e composta de palavras. Doeu mais que um soco, pode crer!
Eles estão em choque. Eles estão apavorados. Como podemos saber que isso tudo não é só um grande pesadelo e a qualquer momento iremos acordar assustados no meio da noite? Quando você mantém a sanidade nesse mundo insano te chamam de louco e errado. E quando você é sincero, te chamam de filha da puta e safado. 
Se agora fui indelicado, me desculpe. É que enche o saco tanta hipocrisia e controle. Na vida só há uma coisa certa, além da morte e do imposto de renda. Não importa o quanto você tente, não importa quão boas sejam suas intenções, você vai cometer erros. Vai magoar as pessoas. E será magoado. E se quiser se recuperar… Só há uma coisa que pode dizer: eu o perdoo. Perdoe e esqueça. É o que todos dizem. É um bom conselho, mas não é muito prático. Quando alguém nos magoa, queremos magoá-los de volta, queremos feri-los. Quando alguém nos engana, queremos ter razão. Sem perdão, velhas rixas nunca são resolvidas. Velhas feridas nunca cicatrizam. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a boa sorte de esquecer. Mas posso confessar? Só depois que perdoei me senti em paz. É um peso que me livrei e que me fez dar um passo adiante. 
Hoje corro por ai, coisa que antes estava estacionado no mesmo lugar. Mas, embora eu tenha menos um peso para carregar ainda sim não marquei a vida de ninguém o suficiente para se lembrarem de mim. Lei da vida: nem todo mundo nasceu para deixar sua marca em um lugar qualquer. Não reclamo, não mais. Mas quem sabe, um dia eu possa ser lembrado como aquele que errou demais, amou demais, sofreu demais. 

Nenhum comentário: