2016/05/23

Dia 2263

Dia 1 - Parágrafo II
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."( A. S. Exupéry) 


Vejo muitas pessoas na esperança, na espera, na espreita de não mais ficarem sozinhas. Quem gosta de ficar sozinho afinal? Lógico, meu espaço vai ser sempre meu espaço então não troque de lugar onde eu coloco minhas chaves do carro e meu relógio favorito. Mas é confortante para o coração e para a alma também ter alguém. Vida longa, mundo pequeno. Uma hora ou outra, nas decisões da vida é a hora esperada de encontrar finalmente alguém para dividir os momentos da vida. Participar á dois uma única vida e traçar um caminho. Olha só, esse é o famoso "Felizes para sempre". 
Mas, o que estamos cativando hein? Há um desapegamento entre as pessoas que não duram doze meses. Logo na primeira barreira as pessoas desistem e dizem que não eram o que realmente queriam. Ou que não precisavam disso para aquele momento. Ou qualquer outra coisa. O ponto que eu quero chegar é que vejo as pessoas desistirem. Isso é tão triste. Pessoas que lutam juntas, vencem juntas. 
Rompendo novamente a quarta parede da quarta parede, eu além de escrever aqui sou fotógrafo. Amador, mas me profissionalizando e praticando ainda. Sempre gostei de cenários urbanos. Estar na rua é meu lugar. E na rua a gente vê muita coisa. Dentro do metro também. Particularmente eu gosto de observar gente idosa. Casais de preferência. Tantos anos de casado, tantas histórias. Netos e tudo mais. Ás vezes o primeiro amor que seguiu por todos os anos adiante. Aquelas mãos enrugadas, aquela aparência de vida que aconteceu. As roupas de linho, sapatos lustrados. Sempre uma blusa de frio pra evitar a gripe. Sabe o que eu gosto neles? É que independente da fé, de família ou de qualquer outra fator, eles não desistiram. 
Somos uma geração de cansados. Uma geração que perdeu o prestigio pelo real e verdadeiro sentimento de amor. Em 1 Corintios 3-7 diz: "E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Havia lido Corintios na minha adolescência. Era o que eu queria sabe? Encontrar alguém e seguir com ela assim, lutando dia-após-dia par anos tornarmos vencedores. O problema é que passaram muitos "alguéns" pela minha vida. Todas desistindo, página por página. O problema era eu? Claro que sim. Amar outra pessoa sempre da trabalho, eu ainda mais. Mas nunca desisti. Insistia e insisto até o ponto que vejo onde não da mais para ser nada. Nessa hora a gente indaga aquela famosa frase de "A vida continua..."
Para mim, a vida só tem sentido se alguém lembra de nós. Mas não é qualquer lembrança. São coisas que ninguém sabe, momentos que só aconteceram com uma pessoa uma única vez. São pontas de caneta em papel branco com escrita rabiscada de um "eu te amo". São borboletas no estômago na sala de estar. É o primeiro beijo. É quando a garota arrepia mas não é tesão. É aquela fitada de olhar enquanto o outro esta distraído. É quando você fica apaixonado pela pessoa, pela história da pessoa, pelo corpo da pessoa, pelo jeito dela e pela vida dela. Isso é amor. 
Eu quero ser o velhinho de um casal de velhinhos. Eu quero lembrar dos vinte e poucos anos que eu tinha. Eu quero lembrar daquela viagem de férias. Quero mostrar fotos para netos bagunceiros que vão se aquietar no sofá da avó para ouvir as histórias. Talvez eu tenha hipertensão ou diabetes. Ou qualquer doença que gente de idade tem. A velha vai procurar os óculos e eu vou ter escondido junto com os chocolates que ela adora. E vai ter boa noite toda noite sim!
Mas Deus, se ela ficar... Não a tire de mim, por favor!
Amém!



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