2016/05/17

Dia 2260


Faz mais ou menos vinte dias e eu conheci uma garota. 
É clichê mas vou falar que ela não se parece com nenhuma outra. É tipo dó-ré-mi-fa-sol-la-si for pra acontecer, vai acontecer. Ela é perfeita cara, mas tem um problema. Ela é mais experiente que eu para fazer comida, para fazer compras no mercado, na vida... Quando ela me viu ali do lado dela, se assustou. Disse "pare" quando o sinal era verde. Eu não entendi direito. Tentei entender, afinal a experiência que ela tinha antes não é a mesma que ela pode ter agora. São outras histórias, outros planos, outros corpos, outros mundos. Quando é assim, é porque tudo tem que ser diferente certo?
Dai, em uma manhã de quinta-feira ela foi embora. Pegou a bolsa e foi. Só foi. Então fui atrás. Ela virou a esquina, não a vi mais. Acabei voltando para casa, o apartamento estava maior e mais quieto. Nem parecia mais o mesmo lugar. Sentei no sofá e fiquei me perguntando o que havia feito de errado. "Eram as panquecas, estavam horríveis" ou, "Esqueci de colocar as roupas na máquina de lavar, foi isso".
Os dias foram passando, viraram uma repetição de dias iguais. Comecei a me preocupar porque ela não voltava. "As panquecas nem estavam tão ruins assim". Foi nessa hora que comecei a ficar triste. Não tinha um porque, então porque ela foi embora? Aliás, porque as pessoas vão embora? A gente sempre acha que a culpa é nossa, algumas vezes até que é. Mas outras vezes não. Outras vezes não é culpa de ninguém, só acontece.
Ela separava a comida no prato para comer. Tinha um jeito certo de passar pano na casa. Adorava chá gelado. Gostava de tirar foto do lado esquerdo do rosto. Abria as garrafas como se fosse um cofre. Agradecia antes de comer. Ela não gosta de dormir com todas as luzes apagadas. Então, desde que ela se foi eu deixo a luz acesa. Na esperança que uma hora ou outra ela volte. Se eu esperei por outras pessoas e era apenas paixão, porque não esperar por ela se é amor? Quem sabe, quem sabe não é?

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