Lá estava eu, parada na porta da sua casa às 2 da manha,
completamente molhada pela chuva que caía e pelas lágrimas que guardei durante
muito tempo, ensaiando desculpas.
Assim que bati já me arrependi, você abre a porta com
aquela cara de assustado e com o cabelo bagunçado do jeito que mais amo e
aquela bermuda que ainda tem pingos de tinta daquele final de semana em que
pintamos meu quarto com a cor que você avisou que era horrível.
Tu me chama de louca, pega uma toalha, coloca sob meus
ombros e vai buscar uma roupa seca pra mim, meu short favorito e uma camisa
sua.
É nesse exato momento que vejo como estamos quebrados,
por que você diz que vai me deixar sozinha para trocar minhas roupas. É só meu
corpo, meu amor. Aquele corpo que tu conhece tão bem e já amou. Lembra de como
eu estremecia quando você me beijava
colocando as mãos na minha cintura?
Fico ali perdida por alguns instantes, ouvindo seu barulho na
cozinha e rapidamente você está com uma xícara da minha bebida quente favorita
e me dizendo que eu deveria secar melhor o cabelo. Você me entrega a xícara e
pega a toalha passando ela pelos meus cabelos longos e fazendo meus olhos
encher d’água. Como nos perdemos assim?
Você senta à minha frente, começa a me olhar, começa a
passar as mãos pelo cabelo. Entendo que estamos a dois passos de entrar em um
desespero quieto.
Você diz: - Moça, são quase 3 da manhã, chove tanto lá
fora, ta um frio filho da puta aqui dentro. O que você quer de mim?
- Eu sei que disse várias vezes que não gostava de dormir
com você agarrado em mim, mas hoje, quando tentei dormir sem você... A cama
ficou tão grande, meu quarto já não era mais meu e aquele escuro me assusta sem
suas mãos para me acalmar. Então, eu vim até aqui te pedir, mais uma noite
segura. Mais uma noite com você agarrado em mim.
Amanhã, eu vejo o que faço com meus medos.
(B...)
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