2015/06/26

Dia 2114

Esses dias conheci uma garota bonita. Na verdade ela era linda. Mas linda mesmo. Com um jeito de mulher madura e sorriso de menina. 24 anos de idade e uma crise de estar solteira. Eu peguei o telefone dela e não consegui ligar ou mandar uma mensagem. Afinal o que eu diria? 
No ônibus eu ficava vendo a foto dela pelo celular, preocupado que aparecesse outro cara pra falar com ela. Mas é claro que apareceria outro cara, é claro que ela falava com uma centena de caras legais, malhados de academia e com carros bacanas pra levar ela onde quisesse. Esses mesmos caras que elogiam ela nas fotos, eles devem chamar ela toda hora pra conversar. Merda, eles chamam ela com certeza.
Um tempo depois acabei cruzando com ela em uma festa de um amigo. Minha cabeça começou a projetar uma conversa interessante e quando ela percebeu que eu estava perto sorriu ao me ver. Aquele era o sorriso mais bonito do mundo. Eu não conseguia parar de olhar para os lábios dela sorrindo daquele jeito. Quando ela chegou perto eu não olhei o decote dela ou os lábios dela com vontade de beija-los. Eu olhei ela nos olhos e comecei a puxar papo. Falei sobre o arroz. "Puts cara, do que você ta falando? Ela chega perto de você e você fala sobre o arroz?". Sim, eu falei sobre o arroz. Não sei porque ou como mas o assuntou foi rendendo. E ela ria pra mim em algumas partes em especifico que eu me embolava - mais do que o normal - durante a conversa. Ela sorria e era bonito vê-la sorrindo. Fiquei meio preocupado dela estar me achando um chato ou um idiota. Mas logo esquecemos o arroz e estávamos falando sobre outras coisas. E eu com a minha afobação já queria perguntar coisas pessoais pra ela, como sobre o que ela acha de viajar pelo mundo ou se ela gosta de fotografia. Qual o maior medo dela e sua maior felicidade. O que deixa ela triste e principalmente se tenho chances com ela.
Quando fomos embora ela me deu carona. A casa dela ficava antes da minha então acabamos fazendo a parada ali antes. Dentro do carro ela estava sem graça. Tirou coragem não sei da onde pra me convidar pra subir até o apartamento dela. No elevador, a mesma sem-gracisse do carro. Mas quem deveria estar assim era eu. Girou as chaves e virou a maçaneta como quem abre um cofre. São os detalhes dela cara, só pode ser. Eu adoro os detalhes de tudo e ela tem um montão deles. 
No sofá continuamos conversando. Acho que da pra falar de qualquer coisa com essa garota. Ah é, verdade. Da mesmo. Já falamos até do arroz! Não conseguia parar de olhar pra ela, logo, não conseguia tirar as mãos dela. O beijo. Ah... o beijo! Nunca mais vou querer beijar outros lábios a não ser os dela. E entre beijos e olhares, só tenho uma coisa a dizer: Não tem nada mais gostoso do que ouvir uma mulher dizer entre gemidos que vai gozar.

Ela tem 24 aniversários. Eu 23. Ela adora viajar e ama fotografia. Ela tem medo do escuro e o que deixa ela mais feliz é o sorriso da sobrinha mais nova. Ela não sabe o que é tristeza, mas reconhece a saudade. Se eu tenho chances com ela? Afinal, o que eu diria? -Nada. Então eu sorri pra ela de volta.

Nenhum comentário: