2015/06/09

Dia 2108

Bom, vamos la. Como começar? As pessoas são complicadas. Os pensamentos de cada um, os sentimentos de cada um. Hoje mesmo entrei em uma sala a serviço. Reunião daquelas chatas. Ela, uma mulher de meia idade. Sem beijo no rosto, cumprimento de mãos basta, sem intimidade. Antes no elevador os "bom dia" de educação. Dai conversamos e ela atende o telefone. Destruiu toda a boa impressão que poderia ter me causado. Era a filha com problemas de namorado. "Filhos" ela disse ao desligar. 
Ao fim, demos as mãos. Ela fez o que eu pedi, seguindo o protocolo. Ela sorriu e eu também. Eu, fingindo simpatia e ela cordialidade. Parecia tudo em câmera lenta. E tem aquela parte de que tudo em volta faz parte de um todo. O rapaz asiático sentado na mesa ao lado. O papel da impressora. A janela e o vento. O pote de balas vazio. A gota de suor na testa do senhor com impaciência sentado na outra mesa. As pilhas de papel. O barulho do ventilador no teto. As bijuterias nada baratas fazendo barulho no pulso. É tão patético que se torna chato.
Então temos aqui, as pessoas na rua em trânsito pela calçada. As pessoas dentro do metro. As mulheres da empresa terceirizada no prédio, dentro do elevador. O rapaz que recepcionou na porta e esqueci de mencionar antes. E por fim, a mulher das bijuterias falantes. São muitas pessoas, muitas historias. Não se sabe as dificuldades ou problemas de cada um. Não tem como saber exatamente como é o dia de cada um. Por mais observador que sejamos, não tem como descobrir tudo. E agora, de volta dentro desse vagão em torno de mais dezenas de pessoas continuo não sabendo. 

Não da pra saber o dia de cada um irmão, não seja um cuzão. O recíproco é o mínimo que qualquer ser humano espera do outro.

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