2015/01/28

Dia 2044

Sempre fui uma pessoa difícil, complicado e cheio de defeitos sem contar os meus erros que quando erro, erro feio e se isso não bastasse, sou intenso demais, sinto mais do que consigo expressar e minha teimosia é a parte que mais gosto. Então se eu falar que estou certo ou errado é melhor concordar. Sobre meu orgulho? Ah sim, o meu orgulho, ele pra mim é como uma auto-defesa. Aprendi a usá-lo como meu refúgio. Jamais depender de ninguém e que ninguém dependa de mim também. Ajuda é uma coisa, dependência é outra totalmente diferente. E para terminar possuo um pequeno geniozinho filha da puta sem vergonha que até eu mesmo não acredito. Mas as pessoas continuam a me perguntar "porque você fez isso?", "porque fez aquilo?". Sinceramente, interessa?
Bom, se interessasse de verdade estaríamos agora tomando alguma coisa e discutindo isso. No entanto, não estamos. Sou um livro gigante, uma música de letras confusas, uma poesia cheia de metáforas escondidas. Sou a parte entediante e melosa do filme. Sou tudo o que ninguém leva até o fim.
Vamos respeitar sentimentos profundos e reconhecer que as coisas terminam tudo bem? Fingimos agora que estamos ao lado de que tudo interessa. Eu pedi um café puro com açúcar e você... Um chá gelado? Não estamos em nenhuma franquia, aqui não tem nenhum Mocha Branco. O que eu posso te dizer afinal? É foda você ouvir a gargalhada de um estranho na rua e pensar que isso já pertenceu á alguém antes. Eu dou risada quando essas coisas acontecem porque, isso é totalmente insano. Digo, não deveria acontecer entende? A parte de me fazer feliz era toda dela e ela fez. Mas onde eu estava nessa hora? Eu sei. Eu sei que tenho de ser forte. Mas por mais quanto tempo?
Eu fiz por que... Eu precisava rir de novo. De alguém que falasse de mim para os conhecidos com um sorriso ao pronunciar meu nome. De alguém que ficasse de bobeira e pegasse no sono comigo no meio da tarde. Que risse das minhas piadas bobas. De alguma forma eu queria me sentir feliz de novo. O fato é que eu esqueci o detalhe de que sentir-se feliz não necessariamente esta ligado a ser. A verdade é que eu precisava respirar ar puro, ir mais fundo e isso não estava conseguindo fazer. Eu perdi pessoas também, essa é a realidade. Perdi tantas quanto qualquer um, talvez mais. Algumas deixei ir, outras tentei impedir mas elas foram mesmo assim, outras partiram sem nem se despedir. E com toda a sinceridade do mundo, eu não morri por isso. Eu não chorei noites e noites seguidas lamentando, me lastimando por pessoas que não estão mais comigo. Mas no peito, ficou aquela ausência. Na alma, um corte. Na vida, um vazio. Coleciono essas dores invisíveis a cada pessoa que decide ir embora e um dia talvez, por tanta falta, quem sabe eu não suma também. 
Se você me perguntar o que fizemos, posso te dizer que a gente tentou não se esquecer. E o que não fizemos? Pois bem, ficar juntos. No meio de uma conversa e outra, à espreita da novidade, o encantamento por outra pessoa se apresenta e tudo se normaliza. O passado desastroso não se esvai, mas chega um momento em que ele não fere mais. A cura para um coração partido não é o tempo… O próprio coração partido se autorregenera por costume. Pra isso serve o coração, pra aguentar felicidade demais e tristeza demais.  
Dizem que não devemos mentir. Mas por quê perguntam se estamos bem, já que não se importam? Eu tenho que estar bem, sem estar bem. Isso cansa. E talvez já esteja cansado demais.
Ela me deu toda a felicidade do mundo e depois levou tudo embora. E ai eu penso "Mas ainda podemos rir juntos, se um dia você quiser."

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