2014/11/15

Dia 1995

Mulheres encontram um carinha legal e boa pinta em uma noite e na mesma noite vão pra cama com ele. "Isso esta certo?" ela pergunta. "É só carinho, que mal há em dar carinho?". E ela aceita isso. Sem compromisso. Sem introdução de história ou passada rápida pelo indice da alma. "Apenas carinho" segundo ele. É só uma foda barata sem troca de telefones. E ela aceita isso. Cara, ela aceita.
O que eu deveria dizer? Parece tudo errado demais. Parece que tudo que eu encosto quebra e queima. Já perdi as contas de quantas pessoas magoei. Quantos corações eu quebrei e continuo quebrando. Acho... acho que é nessas horas que a gente vê a escuridão entre as brechas. E ai vem aquela coisa que eu não sei o nome, te abraçando como se fosse um cobertor no inverno. A dor acompanha a saudade e isso te pega feito doença.
Sei la, se afundar na minha cama parece uma boa hoje. Ouvir a completa imensidão do silêncio das paredes do meu quarto me parece a melhor trilha sonora. Depois de tantos bares, tantas companhias, tantas conversas, tantas localidades, marcações aqui e ali, tantos drinks e contas divididas. Depois de tudo tão frenético, a calmaria me chama atenção. Me chamem de velho, não ligo de ter quase 23 e reclamar como se já tivesse 80 e tantos. Augusto Cury disse uma vez "Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; Quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável." Então eu te pergunto qual é a sua solidão? Sim, qual é sua solidão?
As pessoas estão sempre perguntando como você quer o café, cpf na nota? Mas nunca perguntam qual é sua solidão. De que adianta tantos verem o que fazemos, se na hora da companhia você esta completamente solitário? Não digo companhia de uma cervejada ou de um passeio no parque, mas companhia no silêncio. As pessoas não se bastam mais, estão sempre procurando algo pra fazer. Ninguém hoje em dia faz mais companhia pro silêncio.

Sabe que, uma vez eu conheci uma garota e o silêncio dela era lindo. Perfeito. Me dizia tudo. Combinava com o meu. Na verdade, o meu conselho é que se você vai se apaixonar por uma pessoa primeiro você precisa se apaixonar pelo silêncio dela. Talvez não se apaixonar, mas pelo menos entender. As pessoas esqueceram de entender e querer compreender o silêncio do outro. Creio que esse seja o maior problema dos relacionamentos no século XXI.
Seria agradável pra mim dizer isso e fingir que sou um cara durão, mas eu não sou tão durão assim. Gosto de quem procura meu silêncio sabe? Afinal, nunca vivi um romance de novela, nem tive um amor a primeira vista e muito menos sequer, recebi alguma loucura de amor. Talvez eu não seja apaixonável. Acho tão bonito esses relacionamentos instáveis, de pessoas que se odeiam e se amam minutos depois. Brigam um dia, e se perdoam no outro, e depois se odeiam outra vez. Vão embora sabendo pra onde irão voltar. Acho importante a briga. As vezes brigamos por coisas tão banais, ficamos sem nos falar, sem nos ver e pensamos que um ao outro não fosse uma coisa boa e de repente, nas brigas ficávamos cegos e não conseguimos enxergar o quanto eramos importante um para o outro, o mais irônico é que sem notarmos estamos lá nós de novo juntos novamente, rindo, chorando, brincando e a nossa amizade novamente era restaurada com um período pequeno de tempo. É e la estávamos nós dois novamente a brigar (risos), mas a vida é assim, brigas são necessárias para que possamos perceber o quão importante somos um para o outro e o quão dependente conseguimos ser enquanto estamos separados, o que importa que sem nenhum esforço, a amizade cuida de nos unir novamente. E da amizade pra companhia e pra ela, a minha solidão e de brinde o meu silêncio, você quer?

3 comentários:

Nicolle disse...

Se quiser te apresento meu silêncio. Ele é bem parecido com o teu ;)

Unknown disse...

nunca me senti tão confortável como estou me sentindo agora em seu blog! me identifico entre linhas...
vou deixar meu blog aqui pra que você entre, espero que se sinta tão a vontade como eu me senti aqui.

Unknown disse...

http://umaxicaradecafeh.blogspot.com.br/2014/02/a-casa.html