2014/11/10

Dia 1991

Ela tinha uma vibe boa, uma maldade rara nos olhos. Era cheia de intenção e eu tentava me controlar mas ela era linda, linda demais. Se valorizava mas ela sabia que eu não conseguia dizer não. Um passo e não estamos mais no mesmo lugar. Ela me dizia que tinha medo e eu dizia que as pessoas deveriam libertar o coração e essas coisas. Sabe? Essas coisas que nem notam mais. Amor é como um canhão na boca de quem tem o poder de usá-lo.
E ai, alguma hora sem hora marcada a gente encontra o caminho de casa. E se sente em casa. É aquela paz de uma segunda-feira a noite acompanhado na hora de um banho compartilhado. Dois no espaço de um. E qualquer escorregão ela ria. Queria secar meu rosto e minha barba volumosa mas só cobria tudo deixando apenas a boca, pra me beijar no escuro. Ser aquela coisa bonita que vemos na televisão. Isso da trabalho, na verdade da um trabalho danado. 
Sabe como é? Beijar os lábios dela mas com cuidado como se ela fosse "quebrável". Eu levantava ela no meu ombro e a carregava rindo pela casa até o quarto. Ali se tornava um precipício onde nós dois caiamos de uma altura de cem andares. 
Quando estamos andando na rua e sem eu pedir ela segura a minha mão, eu tenho vontade de dizer "não solta não".

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