2014/10/13

Dia 1978

Não é do tipo casual sabe? Quero dizer, não é convencional. Tradicional, esta mais para um sonho lúcido.
Você limpa o olho quando acorda esperando que esse gesto limpe também toda sua insônia e cansaço. Você ouve aqueles programas na rádio enquanto esta no trânsito esperando o farol abrir e o próximo também. A mão no volante vendo a linha reta da Paulista e o sol descendo já pela rua da consolação enquanto um casal de meninos e meninas atravessam a faixa e a senhoria passeia com o cachorro. O cheiro de café requentado com pão de batata e a gravata afrouxada. E o machucado no braço que nem lembra onde aconteceu.
O troco em moeda no bolso e o pacote de camisinhas aberto no porta-luva trazendo a lembrança do cheiro da pele dela á tona. A foto dos dois na carteira, a blusa pra um frio eventual no banco de trás. O pacote de bala começado do lado do freio de mão. 
A perna vira instrumento musical pra acompanhar a batida que vem do radio da musica finalmente boa mas já chegando em casa. O estacionamento solitário e os botões do elevador. O refrigerante sem gás na geladeira de três dias atrás e a comida de microondas. A bola de meia e o vento da varanda. As luzes da cidade. Ah, as luzes da cidade. 
Você fecha os olhos, respira fundo e se imagina em outro lugar. Então, qual lugar você se imagina estar agora?

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