2014/10/31

Dia 1984

Mas você vai ir ou vai ficar? Vai tomar um chá ou vai ficar pro café da manhã? Que tal pra vida toda?
Moça, meu céu tem cheiro do seu cabelo molhado.
Meu violão de uma corda só emite o som do coração. Talvez como eu me sinta te faça mal. Mas sob a luz da lua nua, moça, você é tão bonita. 
Eu ainda fico confuso e encabulado com seu sorriso. Como se curasse a guerra. Como se eu caísse do andar mais alto, da torre mais alta e não sofresse nenhum arranhão. Na aglomeração humana, solidões se esbarram sem ninguém perceber. Mas ela cheia de intenção, tentando me convencer que no fim da noite eu não sei o que vai acontecer. E eu não sei mesmo.
Mas e ai moça, você vai ficar? Já se decidiu? Estou arrumando a cama agora e precisava saber. Se eu deitar aqui? Se eu simplesmente deitar aqui você deitaria comigo e esqueceria o mundo?
E no fim a gente sempre vai saber... A vida longa, o mundo pequeno.

Dia 1983

Certa vez pensei que á partir de agora deveria dedicar minha vida a cuidar de cachorros, ler livros, assistir filmes e tomar café. Investir nas pessoas só da prejuízo. Pessoas dão muita dor de cabeça. Na verdade, as pessoas... Deixa pra lá as pessoas.
Deparo-me com clichês fatídicos ao abrir a porta de casa toda manhã. Aquela risada falsa de escritório pra puxar o saco do chefe, os pensamentos sórdidos sobre a passagem da escada rolante ou a fila do banco. A droga do café que esfria na xícara enquanto falamos mal uns aos outros. Vejo a vida imitando a arte, o cinema esta escancarado à porta da rua. Um rapaz leva um tiro, outro morre, um esta com fome, o outro esta apaixonado, a menina escuta musica, alguém é assaltado, um guindaste cai, um prédio desaba, um amor acaba, alguém chora, alguém tem sede, mas não tem água, ocorre um desastre natural, os políticos nos assaltam, e de tanto a vida imitar a arte nós nos tornamos protagonistas do filme principal, vivemos numa mentira, num tremendo faz de conta. 

A vida já perdeu a graça? O que eu deveria fazer então? 
As madrugadas são perfeitas para escrever sobre um romance bem sucedido ou mal acabado, o cansaço da semana, a dor de cabeça do trabalho, a preocupação com os estudos e é claro uma boa musica nostálgica serve para falar sobre algo que mexe nos nossos corações. Hoje especialmente eu não vou escrever para alguém que provavelmente nunca ira ler, vou escrever para os que me leem todos os dias, pessoas das quais eu tenho um carinho enorme, pessoas que de uma certa forma me dão forças para continuar escrevendo. Esse texto é dedicado à vocês que me acompanham desde o inicio e que me apoiam, muito obrigado por todo o carinho e elogios e também pelas criticas que são sempre bem vindas e na maioria das vezes me fortalece. É muito gratificante saber que de alguma forma eu estou presente com vocês. Fazendo parte de algo maior que eu. Participando, em algum momento do seu dia. Porque eu sou e sempre fui aquela coisinha que todo mundo diz: "Eu já ouvi isso em algum lugar".

2014/10/20

Dia 1982

E em certos domingos a gente só dormia. Não trepava, nem fazia amor nem muito menos praticava sexo. Só dormia, no sentido literal da palavra. O corpo dela fazia companhia pro meu. Só isso. E em certos domingos, essa era a coisa mais fantástica do mundo.

2014/10/17

Dia 1981

As melhores coisas da vida são livres o bastante pra serem observadas por um instante apenas. Um beija-flor que pousou sobre a mureta de uma janela por exemplo ou a risada de uma criança. O olhar do primeiro beijo. O sorriso dela cara, o sorriso dela...

Dia 1980

São 6:00AM e o despertador irritante do celular toca. O barulho parece três vezes maior quando ainda não acordamos por completo. 
Meio que não há escolha então levanta. Se senta. Esfrega os olhos, coça o rosto. Boceja. Há um silêncio dentro da sua cabeça que nem é perceptível ainda. Como se o corpo levantasse mas a alma ainda estivesse deitada. Mas vamos lá, onde está o outro par de chinelos? Ontem a noite eles estavam juntos.
Então vem aquele instinto de que tem que levantar. Vai até o banheiro, levanta a tampa do vaso. A primeira urina do dia, quase que automática. Os cabelos amassados e as olheiras. Lava as mãos e o rosto. A capacidade de potência aumenta um pouco. Dai você volta ao quarto, pega algumas peças de roupa e volta ao banheiro. Aquele banho de acordar. Ok, realmente acorda.
Preparar um café rápido porque sabe que já esta atrasado, come qualquer coisa. Os sapatos, droga, os sapatos onde estão? O barulho da chave. Eu tenho sorte, vou trabalhar de bicicleta pois não é muito longe. Na rua o mesmo de sempre. Trânsito, farol, fumaça, barulho de obra... Pessoas apressadas e o cheiro de café requentado. O mal cheiro nas esquinas da noite anterior, o comércio abrindo. Mais um dia no paraíso.
Quando entra no corredor pra chegar ao elevador o "bom dia" que já esta programado sai. Os botões do elevador. O tapete da porta. 

Hoje é segunda. As pessoas odeiam as segundas-feiras. Então hoje é segunda. São 7:55AM.
Mais "bom dias" programados, porta, caminhada, cadeira, mesa. Primeiro o monitor depois o computador. Guardar os óculos, esticar as mangas da camisa. Um copo de água, um gole de café. Vamos checar os e-mails? Ok, esse eu respondo agora. Esse mais tarde. Mais propagandas sobre produtos que não quero comprar. Mais propagandas de viagens que ainda não posso fazer. Ok. Mais um gole de café. E chega mais papel, confere, manda embora. Confere, manda embora. Um copo de água. Papel, papel, tesoura, grampeador. Ah, o maldito grampeador. Se há algo que eu odeio é esse maldito grampeador. Minha vontade é de jogar ele pela janela. Tirem esse grampeador de perto de mim. 
Hora do almoço servindo para ser hora do almoço. A comida não tem nem gosto direito. Já acabou. Voltar ao trabalho. 
Sabe quando você está tão, mas tão concentrado que o silêncio... Aquele da manhã esta na sua cabeça porque se encontra tão concentrado que só existe você e o papel que esta lendo. E-mail, e-mail, e-mail... Ouvir cochicho. Telefone. Risadinha. Impressora. Grampead... Ah, ele de novo. Café. 
São 15hs. São 16hs. São 17hs. São 17:55.
Desliga tudo, vamos embora.
Não é nem tão de noite, nem mais dia. É aquela hora que não sei o que... 
Amanhã vai ser tudo de novo. E vai ser terça-feira.


2014/10/14

Dia 1979

Eu não entendia sabe? Eu não sabia dar um porque ou então dar um jeito de fazer acontecer. Havia perdido noites de sono pensando no que fazer e não achei nenhuma saída. "Vou tentar mais uma vez, da próxima já era" pensava...
O lance é que eu dei muitas próximas vezes. Mas eu também era um idiota então não podia exigir muito. Mas mesmo assim, uma hora chegou e os mundos não se pertenciam mais. E a única defesa que eu tive foi terminar tudo. Bem ela aceitou tudo de inicio aparentemente muito bem. Quando caiu a ficha sobre como é fácil arranjar companhia por ai é que começou a bater o desespero. 
E por algum tempo eu quis esquecer ela entende? Eu queria poder sentar e dizer "esta tudo bem agora". Mas amor, muitas vezes é como um câncer que mesmo que tiramos o pedaço contaminado ele já tomou conta de tudo e não há mais volta. Dai você pensa 'Nossa, que coisa horrível ele comparando amor á uma coisa tão ruim." Na verdade não. Pergunte á um paciente com câncer, quais seus valores hoje e antes de descobrir o câncer. Um paciente com câncer teve contato com o verdadeiro, com o que fica realmente e o que vale a pena até o fim. É o que o amor verdadeiro ensina aquelas que sabem enxergar isso - o que realmente vale.
Bem, quando eu fui embora e não queria mais dar as caras ela sempre voltava. E ela vinha e eu mandava ela embora, sempre nessa ordem. Eu destratava ela o que foi meu maior pecado cometido até hoje. Me arrependo disso. Acho que é a primeira vez que falo sobre isso, aqui, nessas linhas tortas esquecidas por Deus.
Ela vinha sempre aqui. Os dias que eu voltava pra casa e via onde ela se sentava, aquele lugar normal sem a presença dela me dava vazio. Sim, me dava vazio. Era como cair pra dentro sem nenhuma corda pra se segurar. 
Quando ela estava lá eu ficava meio catatônico. Eu brigava e mandava ela embora de volta pra casa dela mas na verdade não era isso que eu queria. Eu estava com outra pessoa já, porque como eu disse arranjar companhia é muito fácil. Só que é foda quando você sabe que não vai dar certo aquilo mas quer acreditar que é possível. Você sabe que não vai dar certo, a pessoa sabe que isso não vai dar certo. Todo mundo sabe. Continuar com aquilo era enganar três pessoas: Ela, a pessoa que eu estava e a mim mesmo.
- O que você esta fazendo aqui?
- Não sei. Eu só quis vir. 
Ela deu dois passos e me abraçou. Começou a chorar, o choro mais sentido que eu senti em toda a minha vida. Ela derramou todas as lágrimas que eu nunca consegui fazer sair de mim. Eu a abracei de volta, não sabia o que fazer, o que dizer. Nessas horas é melhor não dizer nada mesmo. Com os olhos fechados tudo que eu mais queria era tirar toda a tristeza dela. Como se de alguma forma com a ponta dos dedos eu conseguisse atravessar sua pele e ossos até encostar em seu coração, tomá-lo em minhas mãos e apertasse bem firme até escorrer toda aquela angústia.
É foda, aquilo me abalou como se eu tivesse tomado um tiro ou algo do tipo. Depois daquele dia eu sabia o que eu tinha que fazer e eu fiz. Ainda estou aprendendo a não ser tão idiota e ser mais paciente, confiante e intuitivo. 
Uma vez conheci um inglês que disse "Se você quer saber quem mais gosta de você, fique doente. Vai ser a primeira pessoa á aparecer no hospital." Adivinhem só, estou no hospital. Tenho câncer, do tipo irreversível de cura. Ela esta sentada na cabeceira da minha cama lendo alguma matéria de revista. Meu câncer não é do tipo que a gente morre, ou melhor... É, mas a gente continua vivendo. Não é do tipo que a gente tem que tomar remédios, é mais aquele tipo que a gente da bom-dia todo dia e escreve "eu te amo" em letras garrafais por ai. Porque agora eu sei o que é importante. É ela, sempre foi e sempre vai ser... Ela.

2014/10/13

Dia 1978

Não é do tipo casual sabe? Quero dizer, não é convencional. Tradicional, esta mais para um sonho lúcido.
Você limpa o olho quando acorda esperando que esse gesto limpe também toda sua insônia e cansaço. Você ouve aqueles programas na rádio enquanto esta no trânsito esperando o farol abrir e o próximo também. A mão no volante vendo a linha reta da Paulista e o sol descendo já pela rua da consolação enquanto um casal de meninos e meninas atravessam a faixa e a senhoria passeia com o cachorro. O cheiro de café requentado com pão de batata e a gravata afrouxada. E o machucado no braço que nem lembra onde aconteceu.
O troco em moeda no bolso e o pacote de camisinhas aberto no porta-luva trazendo a lembrança do cheiro da pele dela á tona. A foto dos dois na carteira, a blusa pra um frio eventual no banco de trás. O pacote de bala começado do lado do freio de mão. 
A perna vira instrumento musical pra acompanhar a batida que vem do radio da musica finalmente boa mas já chegando em casa. O estacionamento solitário e os botões do elevador. O refrigerante sem gás na geladeira de três dias atrás e a comida de microondas. A bola de meia e o vento da varanda. As luzes da cidade. Ah, as luzes da cidade. 
Você fecha os olhos, respira fundo e se imagina em outro lugar. Então, qual lugar você se imagina estar agora?

2014/10/12

Dia 1977

São dois anos - Porque não paramos no tempo.
Eu juro que tentei escrever nessas ultimas duas semanas pra você. Mandar um correio, uma mensagem de celular, um recado oculto no bate papo da internet. Fiquei pensando "O que eu deveria dizer que a fizesse suspirar?". E adivinha só querida? Eu não consegui dizer uma só palavra. Nada. Nadinha.
"Eu te amo" parece tão pouco dizer nessas ocasiões que até deveriam ser proibidos. Mas que gosto tem essas três palavras hoje? Nossos "eu te amo" já evoluíram para "Hoje eu te busco na faculdade e voltamos juntos dentro do ônibus para você me contar o seu dia e eu ver você franzir a sobrancelha ao contar que  não respondi á sua mensagem." Ou então "Estacionei aqui na esquina, desce aqui que eu vim te ver." e até "Ok, eu vou te deixar quietinho escrevendo suas bobagens". Daqui á pouco é "Vamos á praia no próximo final de semana" e "hoje deixa que eu lavo a louça"... "Pode ir tomar banho na minha frente, eu vou terminar de ler esse capitulo".
Um dia me perguntaram se eu me arrependo de algumas coisas que já fiz ou falei. Foi uma pergunta difícil de responder porque se não fosse por algumas atitudes, hoje seria tudo diferente. Mas será que seria um diferente bom? Será que se eu não tivesse falado certas coisas ou feito, hoje eu seria quem eu sou? Hoje eu estaria mais feliz ou mais triste? Hoje eu estaria amando ou sofrendo? É complicado, mas de uma coisa eu sei: Toda lágrima e todo sorriso faz a gente subir um degrau na escada da vida. Independente de quem ou o que tenha causado isso em nós.
Estive um tempo afastado e a unica coisa que posso dizer é que me encontrava no alto das montanhas. Aprendendo. É, o valor das coisas e espero ter ensinado algumas coisas por ai também. Foi só quando eu não conseguia mais te fazer sorrir que eu parti meu bem.  
Casamento... Eu disse essa palavra pra uma amiga minha e ela comentou "Isso é coisa de gente grande". Bem, uma hora acontece sabe? Sei lá, você não acorda com 22 anos pra sempre. Uma hora... Simplesmente acontece. A pessoa perfeita, a hora certa. Destino, coincidência, os signos. Como se tudo conspirasse á favor e não contra desta vez.
São duas semanas tentando falar da sua covinha que aparece primeiro do lado esquerdo e depois no direito ao ver você sorrindo mas não consegui descobrir nada bonitinho pra escrever sobre isso.
Como se em duas semanas eu conseguisse resumir dois anos. Que estupidez achar que conseguiria. Mas será que você se lembra? Eram 3 da manhã e eu não conseguia dormir, você se escondeu no quarto do fundo para não acordar ninguém enquanto falava comigo onde a madrugada invadiu a nós dois. Você tinha um pouco mais de 18 e eu um pouco mais de 20 na identidade. Você, garota de apartamento e eu do mundo. E ai fomos consumidos por uma chama de paixão que não deixou morrermos sozinhos. A gente deixa ir porque sabe que volta. A gente manda embora porque sabe que fica. A gente diz que não mas sabe que sim.
Confiança não pode viver no mesmo espaço que segredos e mentiras. Te contei os mais obsoletos segredos e ultrajes e você continuou aqui. E mesmo que eu tenha passado por 100 corações por ai, não há lugar igual ao nosso lar. E eu senti saudades de casa enquanto estive fora. Minha casa é o seu lado esquerdo do peito. É tão... Meu.
Nós nunca sabemos o resultado das nossas ações. Ás vezes, algo que estamos fazendo nesse exato momento pode estar desencadeando uma sequência de acontecimentos que vai influenciar daqui 10 anos. Cara, isso é insano! Você lendo esse texto agora mesmo pode influenciar para uma série de acontecimentos começar. E uma infinidade de outras coisas. Da até pra enlouquecer pensar nessas coisas. Mas uma minúscula coisa que fazemos afeta sempre uma cadeia de outras tantas. É a ordem do caos, se é que há alguma existente.
Eu não sou nada, eu sou a ponta do cigarro que não foi tragada. Eu sou a marca de batom que ficou no copo de Scott. Enquanto ela é tudo. É o primeiro raiar de sol que entra pela minha janela, é o primeiro pensamento do dia... Ela é quem faz o vinho ficar mais roxo e o céu mais azul. 
Sabe que, na minha primeira sessão de terapia e terapeuta pediu pra que eu desenhasse 3 coisas: Uma casa, uma árvore e uma pessoa. Minha casa porém estava de portas trancadas e minha árvore não tinha raízes. E até a pessoa que eu desenhei não fazia - e nunca fez - muito sentido. E foi depois de dois anos que eu entendi, que assim como aquela música do Audioslave eu esperava que quarto por quarto eu encontrasse você. Eu tive que passar por dois anos pra entender que por você eu deixo a porta aberta e que você é - e sempre foi - as minhas raízes. 
Ás vezes eu vejo você sentada no sofá da sua vó naqueles almoços de domingo á tarde e fico te reparando enquanto você não vê. E eu te acho tão bonita minha querida. E ás vezes também sábado a noite eu penso que troquei todas as cervejas geladas e os papos vazios com aquelas luzes de neon dos bares do centro com os amigos só pra te colocar pra dormir com um pouquinho mais de carinho.
Você sabe, eu faço tudo errado mas não é por mal. Eu tento fazer tudo, tudinho certo pra você. Preencher todos os vazios e estar com você pra tudo.
São dois anos e só demos uma pausa pra tomar fôlego. Mas agora é sem pit-stop e seguir por ai... 
Então vamos viver...
A liberdade é essencial pra mim
Felicidade é essencial pra mim
Se quem eu amo tem amor por mim
Eu sei que ainda estamos longe do fim ♫

2014/10/05

Dia 1976



[23h06 04/10/2014] Eu gosto quando você ao dormir comigo, me abraça fazendo com que eu me sinta segura
[23h07 04/10/2014] Gosto quando me olha serio nos olhos como se descobrisse meus segredos
[23h07 04/10/2014] Gosto quando você me beija devagar e apaixonado
[23h07 04/10/2014] Gosto quando você brinca com as minhas mãos
[23h08 04/10/2014] Gosto quando você me faz carinho quando eu deito no seu colo
[23h09 04/10/2014] Gosto do som da sua gargalhada e acho que devia rir mais assim
[23h09 04/10/2014] Gosto quando me chama de pequena, naquele tom de protetor
[23h09 04/10/2014] Gosto de te dar bom dia todo dia
[23h10 04/10/2014] Gosto quando me da bom dia ao acordar do meu lado
[23h10 04/10/2014] Gosto quando nossos pés se encontram debaixo do edredom
[23h11 04/10/2014] Gosto quando me olha apaixonado
[23h12 04/10/2014] Gosto da sua respiração no meu pescoço
[23h13 04/10/2014] Gosto quando você fala baixinho no meu ouvido
[23h14 04/10/2014] Gosto quando sorri sem eu ter feito nada
[23h15 04/10/2014] Gosto quando faz eu sorrir
[23h15 04/10/2014] Gosto quando você me esquenta o café e senta do meu lado.
[23h15 04/10/2014] Gosto de você sorrindo também 
[23h15 04/10/2014] Gosto de amar você
[23h15 04/10/2014] Gosto de ter certeza que você é meu homem

2014/10/02

Dia 1975

Um belo dia você acorda e se dá conta que está cansado.
Você se cansa da cidade, dos carros, das luzes. Você se cansa do lixo, das pessoas, do barulho. Se cansa de não saber para onde ir, se cansa de não ter para onde ir e precisar ir para algum lugar. Você se cansa de não ter razão, de não ter caminhos, de não ter opções, se cansa de ver sua vida igual a de todos os outros, se cansa de ser de um rebanho sem pastor. Você se cansa de chefes, deuses, impostos, moda, dinheiro, celular. Você se cansa da sensação de estar desperdiçando seu tempo, você se cansa de não ter tempo algum para desperdiçar. Você se cansa de viver em um mundo onde quem não está desesperado, está louco. Você se desespera com medo de enlouquecer. Respira fundo, acende um cigarro. Você se cansa de não saber exatamente do que está cansado. Se cansa do “alguma coisa está errada” que paira sobre o ar desde uma época que você não se lembra. Se cansa das avenidas, das ruas, das alamedas, das praças, do sol, dos postes, das placas de sinalização, das buzinas, dos pontos de ônibus, dos aeroportos. Você se cansa de amores incompletos, de amores platônicos, de falta de amor, de excesso disso e daquilo. Se cansa do “apesar de”. Se cansa do rabo entre as pernas, da sensação de estar sendo prejudicado, se cansa do “a vida é assim mesmo”. Você se cansa de esperar, de rezar, de aguardar, de ter esperanças, cansa do frio na barriga, cansa da falta de sono. Você se cansa da hipocrisia, da falsidade, da ameaça constante, se cansa da estupidez, da apatia, da angústia, da insatisfação, da injustiça, do frenesi, da busca impossível e infinita de algo que não sabe o que é. Se cansa da sensação de não poder parar. E você não para, até que esteja morto.