2014/06/16

Dia 1882

Quando me apaixonei de verdade tudo estava bom, era maravilhoso e eu não reclamava de acordar cedo para ir trabalhar. Ah, e meu mau humor tinha ido pra puta que pariu. Hoje eu sei que se apaixonar de verdade é coisa de raro abaçaiado, dificil mesmo. Já que o mundo foi tomado por selfies idiotas e 'vai ter copa' x 'não vai ter copa' mimimi, bla bla bla wiskas sachê.
Eu costumava ser mais tolerante, passivo, não tão explosivo e até que sabia conversar num tom de voz baixo. Hoje em dia, parece que o mundo inteiro pressiona a gente e se não gritamos, ninguém nos ouve dizendo "Hey, eu estou aqui, não vê?". 
E quando me apaixonei de verdade eu podia muito bem sentar em qualquer lugar só pra papear sobre tudo ou qualquer coisa que eu visse. Eu podia filosofar sobre o skatista fazendo manobra no vão do Masp. Eu podia poetizar sobre o casal de namorados na Praça Roosevelt. Eu podia até declamar sobre o cara negro com fones de ouvido engraçados no Vale do Anhangabau.
Sabe, quando me apaixonei de verdade andar pelas ruas era um palco a céu aberto. A calmaria tomava conta de mim antes de eu dormir e eu sonhava bastante. Sexo era fazer amor e não só... sexo. Já ia me esquecendo, quando me apaixonei de verdade meu celular vivia desligado porque sempre me encontrava encostado em alguma arvore num fim de tarde qualquer vendo o sol desmanchar-se de luz atras dos galhos verdes. Eu lia mais, eu comia mais e eu ouvia mais música. Vale lembrar, que tudo isso foi quando me apaixonei de verdade.
Eu ainda nao disse, mas quando me apaixonei de verdade ficava feliz todos os dias ás 6 da tarde. Eu descobri que a minha barba era um pouco ruiva. Descobri também que caretas em fotografias ficam engraçadas e bonitas. Descobri, por fim, que senti falta de escrever como era quando me apaixonei de verdade. 
Mas tudo isso foi só quando me apaixonei de verdade ta? Pelo seu sorriso. Pela sua risada. Pela sua gargalhada. Pelo seu coração. Por você inteira. 

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