2014/05/25

Dia 1857

Eu tinha entrado em guerra com metade do mundo e ela sabia disso. Não era nada incomum me encontrar com algum corte no supercilio ou com o olho roxo. De um lado os arianos e de outro os negros, os asiáticos, os chicanos, a policia e os do outro lado. Eu era uma bomba armada e ela sabia disso.
As pessoas, as coisas, as instituições... Quebrando o espirito e o prazer que não fazia sentido. E eu comecei a fazer o que fazia pra mim. Se cuidavam de mim, eu protegia com a minha vida. Se me machucavam, eu machucava mais ainda. 
Ela viu as mentiras e a violência me mudar e sabia de tudo isso. Chegou a um ponto que ela não me reconhecia mais. Que a minha arrogância tinha levado-me ao chão. E além de tudo perdi vários irmãos por ai. O universo já tinha se perdido. O céu havia caído. 
Chegou a um ponto da minha vida que eu fui obrigado a crescer mesmo sem ter a maturidade pra isso. Não se tratava mais de apenas eu, ela e todo o resto. Era algo maior. 
Você luta por boas coisas, sua familia, amigos, a satisfação de um trabalho duro. Mas todas essas boas coisas só fazem você levantar a mão e agradecer por algo bem maior do que eu e você. A continuar lutando por algo bem maior. 
Ela sabia de tudo, estava presente em tudo. Sabia da pornografia, da violência, das drogas, do sangue e das armas. E ela estava ali e sempre esteve. 
Perdi as contas de quantos morreram pra proteger o que era realmente importante. E pra mim, agora, importante é a minha Harley e ela. Agora, ela que fazia os pontos na minha testa. Ela que dormia comigo toda noite. Ela me abraçava e fazia com que eu sentisse que ia ficar tudo bem.
Eu pedi a benção ao padre e puxei o gatilho.

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