2013/10/23

Dia 1638

O problema é a felicidade. O excesso dela, a falta dela, a ausencia, o disturbio, a obsessão, a presença, a essencia que ela traz. 
Bohemios. Presunçosos. Todos nós.
E aquela menina no vagão do metro vai sorrir de novo da mesma forma ao ler aquela mesma mensagem pela segunda vez? E a lua vai ser brilhante como na primeira piscadela? E quantos primeiro beijos vamos ter mais? Quanto cabe uma vida em um mês? Cabe minha historia inteira numa musica? Ando no meio dessa cidade entre seus grandes prédios e me pergunto pra onde foi nossa coragem de fazer algo realmente besta e morrer de rir, e morrer de rir. 
A gente passa um bom tempo da nossa vida dando murro em ponta de faca pra depois perceber que mão tá sangrando pra caralho. As vezes o espaço que uma pessoa tem, é multiplicado por um milhão quando ela não esta por perto. Bem ou mal, ela sente sua ausência. Sente falta de camisetas espalhadas aleatoriamente. Fica lembrando ele cozinhando espaguete al pesto, ou quando ele sentava na janela dedilhando “Tears In Heaven”, ou assistia o colorado comportadinho, roendo as unhas sem parar, os pés no sofá. Hoje, coleciona casos com cafajestes fajutos. Sente falta dos sermões que levava por andar descalça no chão frio. Verifica o funcionamento do telefone: tu-tu-tu. Presos pela liberdade, prosseguem cada um na sua, conectados por um fio invisível que não conduz mais eletricidade. Um fio de saudade dissonante e a certeza de que, amor como aquele dele, não acontece no tocar de uma varinha de condão.
"Mas, se quer saber, e daí? Depois de vomitar até me desfazer da última tripa, de chorar até perder a última lágrima e de sangrar até secar a última veia, percebi que o coração não sai pela boca. Nunca."

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