2013/09/04

Dia 1587

Mais uma plataforma de embarque. Mais uma viagem. Mais um café de rodoviária. Mais um charuto na tabacaria Havana. O Cheiro de pipoca doce da maquina. Os banquinhos de espera. Do meu lado hoje senta uma senhorita jovem. Uns 24 anos eu diria. Tem longos cabelos loiros. Parece simpatica e eu sou antipatico. Começa a puxar assunto, primeiro sobre o tempo. Faz frio. Parece que toda vez que eu decido viajar o tempo esfria. Mas até que eu gosto. Gosto ainda mais quando chove na estrada e conforme o onibus acelera as gotas de chuva batem no vidro. É bonito.
Bom, a garota quer mesmo conversar. Agora quer saber o que eu faço da vida e me contar um pouco do que ela faz também. Eu converso um pouco, mas não sou bom de papo e logo aparece aquele silêncio constrangedor sabe? Mais ou menos quando você sobe o elevador com alguém do seu condominio. Quase igual. Logo pego minha caneta para relatar tudo. Meio que um diário, como aqui, agora... E ela quer mesmo interagir, agora pergunta o que tanto escrevo. Ela nem faz idéia que estou escrevendo sobre ela. E essa historia outros tantos vão ler e imaginar essa cena, vivida agora, nesse exato momento. Ela riria se soubesse disso. O que ela acharia se eu perguntasse pra ela qual foi seu momento mais emocionante até hoje? Ou, o que é felicidade pra ela! A verdade é que certas pessoas não estão preparadas para responder a esse tipo de questão. Nem para elas mesmas nem para outras pessoas.
O meu onibus chegou. Meu destino. O dela era outro. E foi assim, é sempre assim. São destinos que se cruzam e depois se separam. Se cruzam de novo mais pra frente. Quem sabe.
"Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia? Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras, das besteiras e das besteiras que fizemos ontem."

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