2013/07/10

Dia 1552

O passado é uma droga. Uma droga mesmo. Ás vezes ele nos prega peça. Nos faz lembrar, relembrar, remoer, sentir e todas essas coisas. Assim, sem pedir licença com a maior falta de educação do mundo. É cruel. É mau.
Nos amordaça querendo que a gente reviva. Mas eu não quero. Mas sou obrigado. Mas, mas, mas... É tanto procedente que eu fico me perguntando "cadê o que era pra ser constante?" O passado estraga músicas, estraga lugares, estraga tempo. Ele é uma praga atemporal. Que faz a gente ter aquela coceirinha, aquela vontade de apagar ele. Dai a gente se pergunta se quer mesmo apagar. Certo, o passado vai ser sempre aquele hematoma que não para de doer.
E as pessoas? Bom, algumas eu chamo de "Passado". São gente, que passa pela gente e faz a gente mais feliz. Ou não. Ou tem aquelas também que fizeram a gente feliz e depois fez a gente ficar triste. Tem gente que só faz a gente ficar triste mesmo. E tem gente que só passa pela gente, não cria marca nem cicatriz de nada mesmo.
Tanta gente vivendo em circunstâncias infelizes e, contudo, não tomam a iniciativa de mudar suas situações porque estão condicionadas a uma vida de segurança, conformismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente sol.
Algumas pessoas que são interessantes por si só trazem energia e luz próprias, mas a maioria não tem serventia alguma, nem para você, nem para elas mesmas. Casar, quem sabe um filho ou dois. Um cachorro. Chegar em casa e contar meu dia no trabalho logo após de esticar meus pés no sofá de... Sei la da onde. 
Sabe porque conto aqui em dias? É porque vejo em minha cabeça, a direção de um dia após o outro e que o dia seguinte vai ser sempre melhor que o anterior.
E hoje é um dia desses, que quis sentar com meu Passado, conversar e fazer de conta de que não me importo, de que não lembro dele. Fingir de alguma forma que não quis enterrar ele de algum jeito mirabolante. Mentira. 
Hoje é um dia que eu sentei com meu Passado, fiquei me sentindo estranho de novo pois não sei se queria que ele fosse presente.
Querendo ou não, eu estou sempre ocupado demais tentando encontrar um jeito de não sentir saudades suas.
Quem sabe encontre meu Passado por ai, atrás de alguma prateleira, alguma nova história. Quem sabe encontre na Disneylandia. Num passeio de bicicleta. Olhando as estrelas. Fazendo laços. Ou qualquer coisa bonita que eu parei de fazer, quando decidi começar a deixar o Passado pra trás.

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