2012/06/13

Dia 1071

Uma vez sentei-me para escrever sobre as coisas.
Sobre como a aurora se põe. Os sapatos da criança. As margens das ruas. O eclipse dos olhos dos apaixonados. O vento que bate no cabelo dela. O olhar audacioso da senhorita à minha direta. A leitura concentrada do cavalheiro a minha esquerda.
Em outras linhas, escrevi como eu deixo as coisas irem tão longe e como tantas outras eu nem deixo ter um começo. E também, como algumas coisas jamais sairão das minhas linhas.
Escrevo meus fragmentos de memórias. O café fresco aos sábados ensolarados de manhã. O uniforme da escola passado sobre a cama. O cheiro de bolo de chocolate. Ou quando eu tinha 8 anos e meu irmão mais velho colocou a fita azul do Guns n' Roses no som pra tocar. Quando meu pai ouvia Led Zeppelin no rádio deitado na cama fazendo seus passatempos. Quando o mundo ainda era tão grande para mim.
Várias pessoas perguntam se você está bem, mas poucos vão ouvir o que vem depois.
Ainda sinto o cheiro de café. Ainda escrevo em minhas poucas linhas. E se quiser me conhecer, estou todo dia sentado na mesma cadeira, no mesmo mêtro... 20:00 em ponto. Perdido um pouco em meus fragmentos, meus sonhos e minhas linhas. Tudo começa nas reticências e tudo termina no ponto final.

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