2012/01/23

Dia 815

Eu só estou olhando para a janela, pensando no que você pode estar fazendo.
Tive, por um breve momento a noção de paraiso. Por um breve momento eu senti o que era paz, o que era vida.
Nunca houve dois corações mais abertos nem gostos mais semelhantes ou sentimentos em mais sintonia. Habitavamos os mesmos planos. Era pra estar tudo perfeito agora.
Mas agora não sinto mais nada. Não sinto o vento bater. Ou a textura da madeira nos meus dedos. Não sinto a grama sobre meus pés ou a chuva pingando no meu rosto. Não sinto mais frio, nem calor... Parece que fiquei preso. Ou que me jogaram no meio do mar com uma grande pedra para afundar. Estou sozinho, na droga da escuridão. Virei um Poeta dos sentimentos caídos.
Canibal do meu próprio coração. Contramestre dos meu próprio amor. E vou ficar vagando por ai, queimando palavras no vácuo desse silêncio que ninguém me ouve. Porque eu amo, eu amei demais. O coração sente, sentiu demais. Eu faço, fiz demais. E tudo se tornou refrão de uma música que não é mais cantada. São cicatrizes sangrando sobre o asfalto de acontecimentos. São longas ruas para se andar sozinho.
E agora não respiro. Não atravesso as linhas. Não me sinto mais tão forte. Mas faço parte do universo. Por isso vou gritar na escuridão, apagado pela noite e dizendo adeus sem ninguém ouvir. Por que era apenas eu...
Era apenas eu que dirigia aquela carro, na estrada para o paraíso.
Mas lembre-se de mim. Lembre-se de como eu sorria ao te ver.

Um comentário:

Thai Nascimento disse...

E eu só pensava "malditos amores não-correspondidos" enquanto lia esse texto. Mas com sorte é possível descobrir outro caminho no paraíso.

Muito bom, amei!