2010/12/06

Dia 524

Eu sonhei que estava voando. Eu estava livre. Ás vezes demora, ás vezes é rápido mas agente tem que acordar.
Em meu quarto de apartamento, um pouco pequeno, com a luz meio escura. A cama mal arrumada, com lençóis brancos e amassados. A escrivaninha do lado, um tanto bagunçada com um abajur e a luz amarelada. Na janela, com uma cortina um pouco rasgada. A cidade inteira era o palco dos meus olhos. Suas luzes, suas pessoas, saus calçadas, seus postes, seus hidrantes, seus faróis...
A comida um pouco fria, na cozinha apertada. A torneira que não para de pingar e a louça ainda por lavar. No chão, as pegadas da noite passada ainda frescas no piso frio e branco. E é só virar a visão, que você encontra o quadro torto na parede. Os porta retratos sem nenhuma ordem, alguns caidos e alguns tão velhos quanto a própria fotografia. O carpete sem aspirar, uma cadeira de descanso e um sofá amassado de sono da noite passada por ali mesmo. Um cinzeiro com algumas pitucas, umas manchas de copo no vidro do centro. Algumas plantas sem água na janela, umas revistas vencidas e uma tv desligada.
Sabe, as coisas nem sempre estão tão bonitas para querermos mostrar para outra pessoa. Isso é do nosso apartamento e da gente mesmo. Mas eu, nessa pequenez de lugar que acabo de descrever, era feliz. Sou feliz. Vou ser feliz. Por que nessa pequenez de lugar, eu tenho a vida que ninguém pode tirar de mim.
Morremos todos os dias e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.

2 comentários:

Maíra Souza disse...

"Morremos todos os dias e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir."

Fodah!

Tatylee. disse...

Estou procuarando o meu ainda, rsrs
Mas tenho certeza que vc já encontrou o seu *_*