2009/10/15

Dia 99

Acho que todo mundo chega em um ponto da vida que nada mais importa. O emprego que tenho - se eu tenho um emprego. A mulher que eu tenho - se eu tiver uma mulher. Os amigos que eu tenho - se eu tiver amigos. A família - se eu tiver uma familia. O carro que tenho - se eu tiver um carro. A casa que eu tenho - se eu tiver uma casa. Não ligo se não tiver também.
Nada mais importa.
Você é quem sofre. Eu mal chego em casa, nem tiro os sapatos e é você que está apanhando. Quando eu chego em casa, você é o primeiro a apanhar. Toda vez que eu chego em casa estressado, é você que apanha incansavelmente. Eu te soco, te chuto, e te bato pra valer... vejo em você, a imagem dos meus inimigos. Já até te rasguei no meio, de tanto que te bati... Mas você continua ali. Parado na minha frente quando chego em casa. Parece até que quer me provocar fazendo isso. Mas no fundo eu sei, que você fica ali, me esperando, por que não tem lugar melhor pra ir. Eu te deixo sozinho praticamente o dia todo e só volto a noite, e quando chego é mais pancadaria pra cima de você.
No fundo, eu vejo que você é o único que aguenta todas as minhas raivas, todas as minhas tristezas e todas as minhas mágoas. Aguenta até os pingos de suor que caem em você enquanto te bato, te esmurro e quando baixo o cacete em cima de você.
Mas obrigado, obrigado mesmo por isso, meu querido saco de areia.

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